Assembleia decide: se Lei do Desemprego for pra votação, motoristas e cobradores param

Trabalhadores também vão protocolar em ato na Prefeitura na próxima terça-feira pedido de retirada de Projeto e visitar vereadores para pedir apoio

Em assembleia na tarde desta quinta-feira (8) liderada pelo Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba e Região Metropolitana, trabalhadores da categoria aprovaram realização de greve geral do transporte coletivo caso Lei do Desemprego entre em votação na Câmara Municipal. A medida libera bilhetagem eletrônica em todo o sistema do transporte e foi enviada ao Legislativo pela Prefeitura, no final de outubro. De lá para cá, trabalhadores iniciaram mobilização e criaram a campanha “Somos Todos Cobradores – Não à Lei do Desemprego”.

Durante assembleia, os motoristas e cobradores também aprovaram a realização de um ato de entrega de um pedido formal de retirada do projeto, na Prefeitura de Curitiba, na próxima terça-feira, 13 de novembro, às 15h00. Outra medida aprovada pelos trabalhadores foi o início de uma maratona parlamentar com visitas aos gabinetes dos vereadores. Centenas de cobradores se voluntariaram para essa atividade, que inicia também na próxima semana. “Nosso objetivo é a retirada ou a reprovação desse projeto. Não podemos admitir a demissão de seis mil pais e mães de família em um ambiente de total recessão econômica como o que vivemos hoje no Brasil. O número de seis mil desempregados equivale a três montadoras de veículo. É um impacto social e econômico terrível para nossa região”, aponta o presidente do Sindimoc, Anderson Teixeira.

Impacto econômico, falsa redução da tarifa e manutenção dos empregos
Estudo elaborado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) aponta que a retirada dos cobradores traria um ganho financeiro para os empresários de R$ 212 milhões por ano. “Qual é a vantagem que a sociedade tem ao retirar esse recurso da mão de milhares de famílias, que hoje consomem, sustentam filhos, pagam contas, aquecem a economia, e centralizar isso na mão de meia dúzia de empresários que controlam o transporte em nossa cidade?”, questiona Teixeira.

Sobre uma eventual redução no preço da passagem, o presidente do Sindimoc aponta que em todas as cidades que retiraram os cobradores, usaram essa mesma tática: uma espécie de engodo. “Eles baixam um pouco a tarifa no começo, para adoçar a opinião pública, e depois o preço sobe até mais, para compensar. Joinville-SC, por exemplo, que foi a primeira do Brasil a retirar o cobrador, hoje tem uma das passagens mais caras do Brasil”.

Anderson também lembra que a promessa de garantia de “reaproveitamento dos profissionais em outros postos” nunca foi cumprida em outras cidades. “Nos municípios em que leis como essa passaram, foi essa mesma conversa, mas depois demitiram todos. É sempre assim. Não vamos aceitar! No Brasil com 14 milhões de desempregados, essa medida é inadmissível".

Por fim, o presidente do Sindimoc lembra que a demissão dos cobradores em hipótese alguma pode elevar a segurança no transporte, como alega o patronal. “Hoje, o crime mudou de perfil. A prática dos criminosos é o arrastão. O alvo são os usuários e seus bens - celulares, carteiras, jóias”, afirma, citando cidades como Campo Grande/MS, que demitiram cobradores e mesmo assim mantiveram altíssimos índices de arrastões dentro dos ônibus.

Tentativa de confundir
Durante assembleia, o presidente do Sindimoc destacou ainda que a alegação de prefeitura e do patronal de que isso “já estava negociado” é uma tentativa de confundir a todos. “O que está na Convenção Coletiva é o direito à qualificação e o direito à estabilidade, vitória histórica considerando que se trata de iniciativa privada”. Já a Lei do Desemprego prevê troca dos cobradores por máquinas de bilhetagem eletrônica – o que a categoria não concorda. “É muito claro e evidente que a campanha ‘Somos Todos Cobradores’ é contra - e tão somente - a Lei do Desemprego”.

Intimidação
Teixeira também reprova a postura do patronal de tentar inibir a mobilização dos trabalhadores por meio de ameaças e intimidações. “Isso revela uma atitude antidemocrática, autoritária e desumana, a medida em que se coloca frontalmente contra o legítimo e constitucional direito dos trabalhadores de se unirem e se mobilizarem em defesa do seu pão de cada dia, provido por meio de seu trabalho”.

“Não podemos admitir a aprovação desse projeto. Vamos lutar até o fim para impedir que essa medida avance na Câmara Municipal, onde já existem vereadores que se sensibilizaram e se conscientizaram sobre a gravidade do projeto de lei. Por esse motivo, hoje estão conosco nessa luta. Reafirmamos nossa confiança no bom senso das autoridades, no sentido de reavaliarem e retirarem esse projeto da pauta de votações da Câmara Municipal”, finaliza Teixeira.